O Despertar dos Dragões

A guerra entre humanos e elfos caminha para seu fim, com a inevitável derrota das forças élficas. Pelo menos é no que acredita o rei elfo Arel, o inimigo número um do reino de Krispínia. Determinado a morrer lutando sem conceder a derrota para o rei humano Krispinus, Arel tem planos de destruir o mundo e não deixar nada para o adversário vencedor. Para isso, ele irá contra todos os preceitos élficos de amor à vida e à natureza ao tentar despertar os dragões — monstros colossais que hibernam há quatrocentos anos, desde que a mitológica Trompa dos Dragões os colocou para dormir. Se Arel encontrar e usar essa relíquia mágica, tudo acabará em chamas.

Ainda se reerguendo após a recente reabertura dos Portões do Inferno, o Grande Reino de Krispínia não tem meios de saber nem de se proteger dessa nova ameaça. Mas o destino do rei elfo pode vir a se cruzar com os aventureiros da chamada Confraria do Inferno — o grupo de heróis improváveis que combateu a invasão de demônios saídos da passagem dimensional. A caminho de uma vila pesqueira para resolver uma prosaica questão administrativa, Baldur, Od-lanor, Derek, Kyle, Kalannar e Agnor podem novamente ser a chave para a salvação do mundo… e ditar um novo rumo impensável para a guerra que assola Zândia.

Segundo volume da trilogia Lendas de Baldúria, O Despertar dos Dragões continua a saga do sexteto de anti-heróis criado de uma maneira muito crível por André Gordirro, sem qualquer tipo de maniqueísmo ou moralismo, que estrela uma trama fantástica e emocionante com ritmo de matinê de aventura, toques de filme de monstro e aventura de RPG, numa narrativa de grande épico de fantasia.

Trecho

Diante dos pescadores mortos, com Barney ao lado, Baldur se dirigiu a todos os presentes:

— Estamos aqui reunidos sob o sol do Deus-Rei Krispinus para honrar os bravos súditos que deram a vida para defender seu lar. — O cavaleiro citou então os nomes que Barney informara. — É por eles que nós estamos aqui, a mando do Grande Rei: para protegê-los de ameaças, para levar a justiça real a todos os cantos de Krispínia, e para garantir que os impostos estejam sendo bem empregados. É em nome de seus habitantes corajosos, que precisaram pegar em armas para se defender, que estamos indo à Praia Vermelha. Este papel é nosso; somos nós que vamos pegar em armas e protegê-los. Que o Deus-Rei receba suas almas, que a bravura deles jamais seja esquecida.

Ele ergueu o espadão de cavaleiro e apontou para o sol, e quase todos os presentes acompanharam o gesto simbólico com o olhar. Kyle, que estava acostumado a observar o céu na condução do castelo voador, notou cinco pontos distintos que se aproximavam em velocidade.

— Pessoal, tem algo vindo na nossa direção! — apontou o rapazote.

Mal acabou de falar, e uma chuva de flechas caiu sobre a congregação do lado de fora do fortim. Duas acertaram sem efeito a armadura de vero-aço de Baldur e o couro grosso do ogro, mas outras três atingiram aleatoriamente alvos desprotegidos: uma criada, Od-lanor e Kyle. O adamar sentiu o impacto da flecha que se alojou no ombro esquerdo, e o rapazote foi ao chão com um projétil no tronco.

— Kyle! — foi o mesmo berro dado por Baldur e Carantir ao verem o menino desmoronar.

— Todo mundo para dentro do castelo, vamos! — gritou Barney, enquanto vasculhava o céu para localizar a ameaça.

Lá estava o perigo: cinco elfos montados em águias gigantes, que se preparavam para soltar uma nova saraivada de flechas enquanto as montarias aliadas executavam uma manobra para circundar o pátio externo da rocha flutuante.